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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Insegurança

Hoje, li o email de um amigo que levantou uma bola que todos nós ja levantamos: mudar de país é algo grande. Será que estou certo na minha decisão? Será que esta insegurança não seria um mal sinal? Sair de emprego, deixar família, carro e casa pra tentar um país que conhecemos tão pouco?

A minha resposta nasceu do casamento entre um conselho a um amigo e uma reflexão profunda com os meus sentimentos em relação a isso tudo. Acho que vale a pena compartilhar isso com vocês, então colarei aqui a minha mensagem a este amigo.

"Meu velho, as suas palavras são dignas de um ser sensato, e que, como qualquer outra criatura humana, é naturalmente desprovida de certeza. Aliás, o que é a certeza? De quem é? A única coisa que temos nos bolsos são opiniões. Por exemplo, podemos ter várias pessoas com "certezas" diferentes em relação a um mesmo objeto, e ao mesmo tempo estarem todas certas. Pense que este objeto pode ser um cubo, com cada lado pintado de uma cor, cada pessoa está de um lado e só consegue enxergar a sua cor. Um dirá: "o cubo é azul", o outro: "é vermelho", o outro: "amarelo", e no entanto, se todos perceberem que somos incapazes de enxergar tudo com todos os olhos, aprenderemos a aceitar o incerto e o inseguro, e chamaremos apenas de "diferente". E tudo é diferente sempre. Gosto de lembrar das palavras de Heráclito, que em 470a.C. já dizia: "a única coisa permanente no universo é a mudança."

Eu tinha um bom emprego, que larguei para ter tempo de estudar francês. Logo, não era um bom emprego, ora, de que adianta pagar bem e pagar em dia, se eu preciso abrir mão de viver pra ter isso. Cheguei ao ponto de gostar menos do que faço, do tanto que me desgastei. Hoje encontro graça em vídeos feitos quase que "de brincadeira", gravados e editados com as ferramentas e conhecimento que, dantes, eu usava para ganhar dinheiro.  Hoje, utilizo-os para ganhar sorrisos.

Não precisamos estar tão certos do que queremos. Esta exatidão, além de inalcançável aos nossos braços, exigiria um volume estratosférico de cálculos e planos. O que precisamos saber é o que não queremos. Hoje, eu não quero o Brasil, pode ser que isso mude, pode ser que o Brasil passe a ser algo dentro dos meus planos se eu descobrir que as outras saídas são menos ricas de alegria e paz. Mas hoje, a melhor saída, a mais segura, a mais conhecida, a mais próxima das minhas mãos é o Québec. E eu vou dedicar cada porção do meu coração a acreditar que se eu for de peito aberto, também de peito aberto eu serei recebido, pois os meus olhos enxergam na frequência em que os sintonizo.

Tenha força e acredite que quando mudamos, temos 100% de chance de melhorar, 50% por acertamos e outros 50% por aprendermos onde não devemos mais pisar.

Seus amigos estão aqui e não te faltará apoio.

Um grande abraço

Igor"

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